MARINA SILVA/MARINE LE PEN

                 Em 2012 , a França e o mundo se assustaram com a ascenção política da representante da ultradireita naquele país , a candidata a presidente Marine Le Pen. O povo francês , como quase toda a Europa que vem sofrendo com as intensas perdas de direitos trabalhistas e sociais , por muito pouco não consolidou a volta do nazifascismo ao velho mundo.A candidata Marine Le Pen obteve 18% dos votos válidos no país , ficando em terceiro lugar na disputa eleitoral e declarando em entrevista coletiva que sua luta apenas começou.

                  Nosso país que ao contrário da França e boa parte do mundo , vem desfrutando de um grande desenvolvimento econômico e social nos últimos dez anos graças ao trabalho e a coragem dos governos Lula e Dilma , sofreu  no mês de junho fortes manifestações que merecem ser consideradas como certamente está sendo pelo governo Dilma , pois corremos um sério risco de caminharmos para um nazifascimo eleitoral em 2014. Não tenhamos dúvidas , o fogo  das manifestações transformaram-se em cinzas , mas debaixo delas ainda há brasas sendo sopradas pela grande mídia e boa parte da elite brasileira que não suporta o PT na direção do país.

                   Contraditoriamente , a França e a Europa se manifestaram pelas perdas , o Brasil manifestou e apresenta insatisfações pelas conquistas sociais e trabalhistas. As conquistas no Brasil agridem a  uma camada considerável da elite que não admite que pessoas denominadas como de classes inferiores tenham acesso a habitação própria , carros novos , curso superior , viagens de avião ,etc. Por outro lado , muitos dos que se beneficiaram destes direitos não conseguiram assimilar racionalmente as conquistas de seus direitos e introjetaram a sombra do patrão capitalista desenvolvida na tese de Karl Marx e tonaram-se ou revelaram-se invejosos  , gananciosos e inconformados em sua obtusidade sociológica , propagando e desferindo suas indignações de nova classe contra muitos dos líderes do partido que os ajudou na evolução econômica e social.

                    Na Europa , quase 20% dos eleitores franceses catalisaram sua insatisfação com a crise econômica na nazifascista Marine Le Pen. No Brasil , corremos o risco e espero que fique apenas nisto de quase 30% dos eleitores catalisarem suas mais variadas frustrações e rancores na Le Pen dos Trópicos , Marina Silva.

              

O Príncipe da Privataria II

                              Na apresentação do livro que proponho resumir no blog temos a epígrafe Vende-se um país , compra-se uma reeleição. Segundo o autor , de 1994 a 2002 ,  o Brasil viveu tempos peculiares. Pagou para vender suas empresas e pagou para reeleger seu presidente.

                              No dia 06 de maio de 1997 , sob a gestão de Fernando Henrique Cardoso , o Brasil vendeu o controle acionário da Vale do Rio Doce US$3,3 bilhões .Financiados. Em 2008 , diz a consultoria Economática , o valor de mercado da empresa subira quase 60 vezes , ou seja , para US$196 bilhões. Valorização de 5.940%.

                              Antes de levada ao martelo , a Vale do Rio Doce já era a maior exportadora de minério de ferro do planeta. Dona da mina , senhora também da maior província mineral do mundo com reservas de ferro , níquel , manganês , cobre , cobalto entre outros minerais.

                               Também antes de vender a Telebras o governo federal investiu R$21 bilhões no sistema que iria se desfazer. Por que , à custa da saúde e da educação , abriu a torneira do dinheiro da Telebrás que iria leiloar?

                                A privataria estendeu-se aos Estados , governadores do PSDB perpetraram páginas dignas do almanaque Guinnes da patetice__ ou da esperteza . Em São Paulo , Mário Covas vendeu a Companhia Paulista(Cosipa) por R$300 milhões e ficou com uma dívida de R$1milhão e meio. No Rio , Marcelo Alencar fez pior : contraiu um empréstimo de R$ 3 bilhões e 300 milhões para entregar o Banerj sem dívidas e com metade dos funcionários por R$ 300 milhões , dez vezes menos do que gastou para vendê-lo!

                                 O Brasil foi a leilão. A privatização gravou-se de tal maneira no imaginário nacional que se transformou na primeira e inesquecível marca da gestão de FHC. Por que tantos negócios mesclando bizarria e dilapidação do interesse nacional foram feitos?

                                  Que personagem é esse? Qual a sua formação? Quais as suas escolhas? O que fez para chegar ao poder? E o que fez para permanecer nele por mais quatro anos? Qual o custo disso? A quem serviu? E quem o serve? Quais as suas ligações perigosas? Qual o seu grupo e os seus compromissos? Quem o protege e a quem ele protege?

                                   A missão do livro é iluminar as muitas zonas sombrias dessa narrativa.Jogar um facho de luz sobre este personagem que desfila como um monarca não coroado pelos salões da plutocracia e pelos editoriais da mídia empresarial.

                                    Da privataria falam muitos entrevistados , revelando o que ocorria atrás do pano quando a pantonimia era encenada no palco.

                                    Da aprovação da reeleição , fala uma figura essencial na denúncia da trama urdida no Palácio do Planalto.É o Senhor X que após duas décadas , mostra o rosto e rompe o silêncio para contar em detalhes , como comprovou a compra __R$200 mil por voto__ de deputados para a aprovação da emenda da reeleição.

                                  Mas o primeiro capítulo começa pelo humano. Pelo homem que teme um caso fora do casamento capaz de destruir sua carreira política. Começa no momento em que Fernando Henrique Cardoso , casado , três filhos , é informado de que será pai do filho de uma repórter da TV Globo.

                                                        

O Príncipe da Privataria I

                       O livro "O Príncipe da  Privataria  " do jornalista  Palmério Dória , publicado pela Geração Editora , traz em 36 capítulos a história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição.

                        Tentarei através do blog resumir alguns fatos mais relevantes relatados nos capítulos da obra para que dentro de minha limitação e possibilidade consiga ajudar na contribuição para o debate e divulgação de acontecimentos históricos e vergonhosos na vida recente do país que se dependerem de muitos ficarão no esquecimento.

                         O livro inicia com uma nota do editor Luiz Fernando Emediato que afirma ter conhecido Fernando Henrique Cardoso em meados dos anos 70 , quando pequenos grupos armados de esquerda enfrentavam a ditadura militar , sem nenhuma possibilidade de vencer , enquanto ele , FHC e outros faziam o enfretamento no nível das ideias e ações políticas.

                          Ressalta o editor que quando Fernando Henrique se elegeu presidente da República em 1994 , ele já não era  mais jornalista e sim consultor de políticas públicas. Não foram poucas as vezes em que participou de reuniões com o governo e o próprio presidente.

                          Mesmo respondendo a processos pela publicação do livro |"A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr. , obra que mostra os estranhos negócios de familiares de José Serra , a Geração Editorial não poderia deixar de publicar "O Príncipe da Privataria" , de Palmério Dória , o mesmo autor de "Honoráveis Bandidos" , livro também publicado pela mesma editora que conta o controvertido uso do poder pela família Sarney no Maranhão.

                      Luiz Fernando Emediato explica que o livro " O Príncipe da Privataria" trata de questões dramáticas da história do governo dos chamados tucanos , na política econômica neoliberal , sua proclamada relutância em priorizar ações sociais , substituídas pelas chamadas "políticas compensatórias" , o uso do poder político para impedir investigações sobre denúncias de corrupção entre seus pares ,  a criticada venda do patrimônio público a qualquer preço , com base em um modelo em que muitos podem ter enriquecido ilicitamente e , finalmente , a espantosa compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso , governadores e prefeitos em todo o país.

                     O editor escreve que ao final da leitura desse livro fascinante de Palmério Dória , seremos obrigados a nos perguntar , onde estava , no reinado dos tucanos , o ministério público , o procurador geral da República , os Joaquim Barbosa daquele tempo?O chamado "mensalão" , tenha ou não existido , parece coisa de amadores perto do profissionalismo de empresários , burocratas e políticos daquele tempo. Nenhuma CPI . Nenhuma investigação que chegasse ao fim. Nenhuma denúncia capaz de levar a um processo e a uma condenação!

VAI TRABALHAR VAGABUNDO

                   O Brasil da idade mídia tem ficado cada dia mais perigoso.

                   Um país grande que foi apequenado por mais de 500 anos , de repente , nas mãos de um grande político nordestino e torneiro mecânico se agigantou tornando-se um grande país . Uma pátria que elegeu uma grande mulher presidenta e continuou crescendo e socializando bens materiais e simbólicos.

                   O acesso aos bens materiais e simbólicos quando não bem explicado e lembrado constantemente pode transformar antigas classes miseráveis ,  em conservadores , pois quem não possuía bens materiais e imateriais , a partir do momento em que adquire certo poder de consumo não quer , e com razão , perder os bens adquiridos.

                     Dentro desta perspectiva de ganho por quem perdeu por tanto tempo , o medo e o pavor são companheiros constantes e bem alimentados diuturnamente pela imprensa conservadora brasileira e exorcizados por boa parte de religiosos que seguindo , mesmo a maioria sem saber , A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo de Max Weber , que gritam , cantam e atribuem as conquistas materiais acentuadas nos últimos anos ao trabalho e a intervenção divina. " Trabalhar e orar..." quem mora  perto ou já frequentou alguma igreja neopentecostal  já deve ter escutado e muito este refrão do hinário evangélico. Quem ascendeu no meio social e até adquiriu algum conhecimento acadêmico superficial acaba se segurando e se guiando por religiosos muitas vezes inescrupulosos e pela mídia medíocre sem caráter especialista em manipular e jogar com a vida e a história de um povo.

                  Dentre as muitas reivindicações que temos presenciado nos últimos dias em nosso país a educação tem aparecido com grande relevância , contudo , além da educação deveria se  implantar com urgência no Brasil , assim como o Mais Médico , o Mais Cultura . Se não aplicarmos um choque cultural no país muito em breve poderemos nos decepcionar com resultados que poderão vir das urnas nas eleições majoritárias .

                 O acesso aos bens simbólicos tem que ser ofertado em massa e possivelmente o caminho mais rápido para isto seja a reforma no modelo das concessões públicas dos meios de comunicação. Estes meios que têm orquestrados peripécias das mais variadas em seus  noticiários  e programações das últimas semanas para abrir caminhos para a volta dos que não foram ao poder político. As orquestrações dos últimos dias foram tão óbvias que em uma mesma semana , o prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda chamou os manifestantes que ocupam a prefeitura de preguiçosos e o ex-presidente , coveiro da sociologia Fernando Henrique Cardoso comparou Lula e o PT a Macunaíma , o herói sem caráter brasileiro. Ratificando o discurso conservador as pitonisas do caos da Globo News ainda hoje em um comentário sobre a primeira semana de muito trabalho em  Brasília  disseram que gostam muito de trabalhar.

                   A vida e principalmente a política são feitas de símbolos e símbolos muitas vezes devem ser interpretados e reinterpretados , por isto não nos assustemos quando em algum debate estivermos defendendo os governos de esquerda da América Latina e escutarmos a já tão conhecida e cantada cantilena interpretada por Chico Buarque : "Vai trabalhar vagabundo!"

Metáfora

                     Minha amante
                     é a lua ,
                     minhas filhas
                     as estrelas ,
                     eu sou
                     o cosmos ,
                     ser gente
                     é muito
                     dolorido ,
                     sou metáfora!

Irmanados

                                    Essa roupa
                                    não é minha
                                    esse tempo
                                    não é meu
                                    essa vida
                                    não queria
                                    esse homem
                                    não sou eu ,
                                    meu espelho
                                    de carne
                                    minha sina
                                    de sangue ,
                                    a brutalidade
                                    me atormenta
                                    a ignorância
                                    me acorrenta ,
                                    déspotas
                                    de todas
                                    as eras
                                    escravos
                                    de todos
                                    os tempos
                                    o elo
                                    de sacrifício
                                    nos irmana
                                    em todas
                                    as existências.
          
                               

Dialogar que nada ! Chuta o balde presidenta!

                   Os protestos realizados nas últimas semanas que se apresentaram como apartidários , foram mais do que partidarizados por 98% da imprensa brasileira. Jornalistas da imprensa escrita e televisiva estão praticamente em êxtase com a última pesquisa publicada pelo Datafolha. Não apenas os 'jornalistas" , mas também  a demotucanalha  acompanhados da evangélica da Natura e do Itaú estão em júbilo buscando capitalizar o movimento eleitoralmente para seus projetos de poderio a direita. Perante a alguns pontos negativos na pesquisa para a presidenta Dilma , o ministro das comunicações Paulo Bernardo declarou em entrevista que o governo tem que dialogar. Que me perdoem os ministros e partidários que comungam do mesmo ponto de vista , mas o que mais foi feito desde o governo Lula até agora foi dialogar , talvez tenham dialogado errado e com as pessoas e instituições erradas que sempre sugaram nosso país extorquindo do estado até a última gota de suor do nosso povo. Compreendo que em nome da governabilidade tenham sido feitos acordos e negociações que sustentaram um governo democrático e popular no Brasil por 10 anos ininterruptos. Contudo o modelo de fazer política do PT(nosso partido) parece que está se esgotando. Está na hora de atender mais e melhor a população das periferias , os movimentos sociais e diversas categorias de profissionais que ainda não tiveram a sua atuação valorizada e reconhecida plenamente como a dos professores. Para realizar esta mudança de prioridades é mais do que necessário inverter investimentos públicos priorizando os que mais precisam. Um bom começo já sugerido por outros articulistas seria a imediata retirada de recursos da publicidade federal na grande mídia com a busca do alinhamento de estados e municípios na iniciativa. Uma decisão difícil e arriscada para qualquer governo , mas que pode recuperar rapidamente a popularidade da presidenta Dilma .Mesmo ciente do risco , acredito que seria a única saída para nossa presidenta , pois a mídia nativa não dará folga na tentativa , até aqui exitosa , de desconstruir a nossa  presidenta da república perante a opinião pública e publicada. Como bem falou nossa presidenta Dilma em sua posse citando Guimarães Rosa :" O que a vida quer da gente é coragem"! Coragem minha presidenta Dilma!Dialogar que nada!Chuta o balde presidenta! Estamos contigo sem medo de ser feliz!